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segunda-feira, 7 de maio de 2012

MEDIUNISMO

 Olá,

Entender a mediunidade, àsvezes  é complicado, mas  no Livro " Mediunidade", José Herculano Pires, traz pra nós este assunto de uma forma uito esclarecedora.

O Mediunismo

As formas primitivas de mediunidade provêm das selvas e das regiões geladas ou áridas em que a vida humana permaneceu em condições rudimentares. O homem é um ser mediúnico e todo o seu desenvolvimento seguiu as linhas da evolução da sua potencialidade mediúnica. A idéia da Divindade, de um poder superior que criou o mundo é inata no homem, como o demonstram as pesquisas antropológicas. Dessa idéia básica em sintonia com o assombro do mundo, misterioso e cheio de seres estranhos, nasceu a Magia. O sentimento mágico do mundo estabeleceu as relações entre os homens e as coisas e os outros seres. A idéia do poder das coisas e dos seres brotou naturalmente das experiências na luta para a sobrevivência.


A lei de adoração, estudada em O Livro dos Espíritos, levou a imaginação primitiva aos ritos do culto solar e lunar, das montanhas coroadas de nuvens, dos grandes rios misteriosos e assim por diante. A reverência aos chefes poderosos desenvolveu os ritos de submissão, que se estenderam aos pagés e xanãs, sacerdotes mágicos das tribos e das hordas, dotados de poderes mediúnicos. Os processos mágicos desenvolveram-se através das manifestações mediúnicas. Abria-se o caminho para o desenvolvimento das religiões mitológicas e das religiões reveladas, estas apoiadas na crença dos homens deuses, conhecedores dos mistérios da vida e da morte. A evolução espiritual do homem abria a fase das grandes religiões nas regiões em que a civilização avançara. Os dons mediúnicos reafirmavam a crença nos poderes divinos, através dos fenômenos produzidos por indivíduos que os possuíam.
A expressão mediunismo, criada por Emmanuel, designa as formas primitivas de Mediunidade, que fundamentam as crenças e religiões primitivas. Todas as formas de religiões primitivas, sem desenvolvimento cultural e intelectual, caracterizam-se por práticas mágicas ligadas ao mediunismo.

 As religiões africanas, transplantadas ao Brasil e outros países americanos pelo tráfico negreiro, e misturadas às religiões indígenas e primitivas desses países, desenvolveram largamente no Continente diversas formas de mediunismo. O processo natural de sincretismo religioso, já iniciado na própria África com a mistura das religiões tribais com o Islamismo e o Catolicismo, deram a essas formas um impulso em direção à institucionalização religiosa.


A diferença entre Mediunismo e Mediunidade está no problema de conscientização do problema mediúnico. Nas religiões primitivas não havia nem podia haver reflexão sobre os fenômenos e seu sentido e natureza. Tudo se resumia na aceitação dos fatos e nas tentativas de sua utilização para finalidades práticas, objetivas. A Mediunidade é o Mediunismo desenvolvido, racionalizado e submetido à reflexão religiosa e filosófica e às pesquisas científicas necessárias ao esclarecimento dos fenômenos, sua natureza e suas leis. Enquanto o Mediunismo absorve a herança mágica do passado e mistura-se com religiões, crenças e superstições de toda a espécie, a Mediunidade rejeita infiltrações que possam prejudicar a sua natureza racional e comprometer o seu desenvolvimento natural. Integrada na estrutura do Espiritismo, que a estuda e pesquisa através de suas instituições culturais e científicas, ela se torna cada vez mais numa área específica da Teoria do Conhecimento, que terá forçosamente de reconhecer os seus direitos na cultura geral do próximo século.

É curioso o fato de que todas as religiões e correntes do pensamento espiritualista tenham rejeitado e condenado a Mediunidade, que só o Espiritismo reconhece no seu pleno valor e na sua importância fundamental para a vida humana na Terra e o seu desenvolvimento futuro no mundo espiritual. Apontada nas religiões como de natureza diabólica, nas doutrinas espiritualistas refinadas como um campo inferior e perigoso de manifestações suspeitas e perigosas, acusada de responsável pela loucura do mundo, ela foi marginalizada pelos meios culturais e é constante-mente atacada pelos donos da verdade e da sabedoria, como o foram o Cristo e o Cristianismo. Não obstante, cresce sem cessar o interesse pela mediunidade no mundo, pois o próprio desenvolvimento científico acabou desembocando no delta da fenomenologia paranormal, obrigado a enfrentar e reconhecer a realidade dos fatores mediúnicos em todos os campos do saber. Pouco importam os preconceitos, as idiossincrasias, as incom-preensões dos homens, pois a realidade não pede licença a ninguém para ser o que é.

Ao lado do resguardo e defesa da Mediunidade, os espíritas naturalmente se interessam pelo estudo e a pesquisa dos problemas do Mediunismo, que é, por assim dizer, o chão agreste e rico de cujas escavações milenares foram extraídos os minérios preciosos da Mediunidade. Nas várias formas do Sincretismo Religioso Afro-Brasileiro a mediunidade eclode muitas vezes, como tufos de vegetais promissores rompendo o chão áspero dos terreiros. Não encontrando ambiente favorável no meio sincrético, essas mediunidades surpreendentes vão transplantar-se para o ambiente espírita e ali florescer e frutificar. Não podemos condenar o Medi-unismo. pois isso seria condenar a fonte que nos fornece a água. Há ricos filões de fenômenos no solo fecundo do Mediunismo à espera dos investigadores espíritas.

O que condenamos e temos de condenar é o abuso das práticas mediúnicas nos terreiros, não só por criaturas desprovidas de nível de instrução e cultura, mas também por pessoas culturalmente amadurecidas para compreender o erro que cometem, contribuindo para expansão, em plena civilização da Era Cósmica, das mais grosseiras superstições do longínquo passado humano. Esse abuso é tanto mais grave quando praticado conscientemente por pessoas que estão interessadas na solução de problemas financeiros, políti-cos e de ordem moral e social. Esses objetivos e os meios usados para consegui-los eram perfeitamente justificáveis na selva, onde a mentalidade primitiva, apegada apenas ao concreto, sem dimensões intelectuais, não podia alcançar objetivos superiores. Mas o homem civilizado que se entrega a essas práticas grosseiras, ligadas a entidades inferiores, age como um inconsciente ou imaturo, que não tem noção de sua própria responsabilidade em relação ao meio em que vive. Cada fração de conhecimento adquirido aumenta a responsabilidade moral do homem na sociedade. Essa responsabilidade não é apenas pessoal e familiar, mas também social. Quem procura práticas selvagens para conseguir benefícios no meio civilizado, ligando-se a estágios já superados na evolução humana, trai a si mesmo e ao meio em que se encontra. Além disso, compromete-se com forças negativas do plano espiritual inferior, que cobram sempre muito caro os serviços prestados, mal ou bem, com resultados ou não, aos incautos clientes.

O Mediunismo divide-se em vários ramos, correspondentes às nações africanas de que procedem. E há graus evolutivos em suas práticas mediúnicas.

 Nos terreiros de Umbanda as práticas são mais elevadas, voltadas para o bem.

Nos de Quimbanda o sangue de animais e a queima de pólvora revelam a brutalidade dos ritos selvagens, que eram práticas de defesa para tribos e no meio civilizado se tornaram práticas maléficas, dirigidas contra desafetos e rivais.

 Mas há os terreiros de linhas cruzadas, geralmente chamados de Aruanda, onde tanto se pratica o bem para os amigos como o mal para os inimigos.

As danças rituais do Candomblé africano encontram sua réplica nativa nas danças indígenas da Poracê.

Em muitos terreiros de Umbanda infiltram-se também as práticas maléficas. Os poderes mediúnicos são desenvolvidos sob a magia dos rituais selvagens. Costumam dizer, os freqüentadores do sincretismo, que as práticas de terreiro são mais fortes e poderosas que as de mesa branca, designação puramente popular das sessões espíritas, originada da superstição que exige, particularmente nos meios rurais, o uso de toalha branca na mesa de sessão, porque a cor branca atrai os espíritos puros.

A superstição da força, do poder proveniente de práticas violentas, revela a inversão dos valores espirituais, inversão proveniente da selva, onde a força bruta é a lei.

 A Macumba, com seus despachos, é uma prática proveniente da mais remota antigüidade. Macumba é instrumento de sopro, geralmente de bambu, que se toca para chamar os espíritos do mato, e o despacho, ao contrário do que geralmente se pensa, não é a oferenda de comidas e bebidas que se coloca nas encruzilhadas e nas esquinas de ruas (adaptação urbana do rito selvagem), mas o envio de espíritos inferiores para atacar as pessoas visadas. A oferenda é a paga que assegura a eficácia do ataque. Os espíritos agressivos, embora não possam comer os manjares e tomar as bebidas, aspiram as suas emanações, como os deuses mitológicos faziam e como o próprio Iavé da Bíblia, o deus judaico, também fazia, como se vê nos relatos bíblicos.

Na descrição do Dilúvio, no Gênese bíblico, vemos que Noé fez um altar no Monte Ararat para dar graças a Iavé pela salvação da sua família. No altar foram colocados alimentos de carne fumegante e Iavé compareceu para aspirar as emanações dos alimentos. É incrível que as Igrejas Cristãs até hoje aceitem que esse Iavé glutão era o Deus Supremo e Único que Jesus pregou contra o politeísmo da época.
Essas práticas sincréticas, onde predomina a mentalidade primitiva, são o contrário das práticas espíritas, que se resumem na prece e na meditação, no passe (imposição das mãos, do Evangelho) e na doutrinação caridosa dos espíritos sofredores ou vingativos. Os que chamam isso de Espiritismo o fazem de má-fé ou por ignorância. Por sinal que encontramos nesse capítulo a ignorância ilustrada de sociólogos, antropólogos, psicólogos e médicos, que usam em seus trabalhos e pesquisas a palavra Espiritismo para designar as manifestações do animismo primitivo e do mediunismo selvagem. Devemos sempre repelir esse abastardamento da palavra que Kardec criou como nome genérico de uma doutrina científica e filosófica oriunda do ensino dos Espíritos Superiores. O Espiritismo é unicamente a doutrina que está nas obras de Kardec e dos que continuaram o trabalho do Mestre, sem trair os seus princípios básicos.


O ponto mais perigoso dessas práticas bárbaras e desumanas está no problema da evolução mediúnica do homem. Essas práticas e crenças supersticiosas correspondiam às necessidades primárias dos homens primitivos. Eram boas na selva, ajudavam os selvagens a crer num poder superior e a respeitá-lo. Aplicadas ao homem civilizado representam um retrocesso evolutivo de sua mentalidade e personalidade.
 
O ajustamento psíquico do homem civilizado a esses sistemas rudimentares e grosseiros produz desajustes psicológicos e mentais que acabam gerando desequi-líbrios graves em criaturas sensíveis, que são afetadas pelos rituais violentos de sangue e pólvora e pela condição geral das práticas selvagens. O desnível cultural já é chocante em si mesmo e a disparidade cala nos freqüentadores de maior evolução mental e moral. Sente-se o restabelecimento do arcaico prestígio da Goécia, a famosa Magia Negra da Antigüidade, que dominou o Ocidente até os fins da Idade Média. As pesquisas de Albert De Rochas sobre a feitiçaria , ilustradas com dados dos processos medievais dos arquivos do Vaticano, mostram a brutalidade dessas práticas naquele tempo, em que sacerdotes e figuras da nobreza tiveram de ser condenados pelos tribunais eclesiásticos. O impacto dessas condenações concorreu pesadamente para que a sólida estrutura religiosa e teocrática do Milênio acabasse desmoronando. O poder de fascinação dos sistemas mágicos envolveu com facilidade elementos de destaque no Clero e na Política, em virtude dos resíduos brutais do passado nas camadas psico-afetivas da população, mesmo nas classes superiores.

A tendência natural do homem para o mistério e o maravilhoso excita os ânimos e leva criaturas e grupos humanos a verdadeiros delírios, em que os valores da civilização submergem no pântano das paixões. Mas o pior é que, dessas fases de retorno à barbárie, a dignidade humana sai fatalmente esmagada, levando séculos para se recobrar. Não é o mediunismo que responde por isso, mas o apego do homem aos interesses mundanos e o desejo de vencer com mais facilidade e segurança, sob a suposta proteção espiritual de criaturas incultas e grosseiras. O mediunismo é precisamente o instrumento natural de que o homem dispõe para elevar-se ao plano da mediunidade, transcendendo a sua condição tribal. Mas se o homem se entrega ao atavismo da religiosidade mágica e por isso mesmo fanática, serve-se do mediunismo, nessas formas clássicas de civilizações mortas, para repetir os suicídios anteriores. O automatismo dos processos primitivos o leva a repetir os mesmos erros, na mesma antiga e frustrada esperança dos tempos mortos. É isso o que se tem de condenar nos cultos retrógrados desses processos sincréticos e negativos.


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2 comentários:

  1. Sim, o texto explica a ddiferença que ocorre em umbanda e a doutrina espirita, mas eu já fui num centro de umbanda onde se começa lendo obras de kardec e os mediunss são incentivados a leitura de obras de chico xavier e autores espíritas.Compreendo a necessidade de evoluir, mas o espiritismo não pode deixar de observar que estamos no Brasil e muitos espíritos da umbanda sofrem preconceito no centros espírita.Eu mesma, comecei a me interessar por kardec depois de recomendação de um umbandista.Mas tem coisas que o espiritismo explica melhor do que na umbanda.Eu acho que a umbanda precisa do espiritismo para evoluir e o espiritismo brasileiro é bom ter tolerancia com os umbandistas.Eu me considero umbandista, mas gosto das orientações deste blog e concordo com tudo que foi escrito aí nesse post.

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  2. Olá, quando estudamos as obras de Manoel Philomeno de Mirando, principalmente " grilhoes partidos", vemos Dr. Bezerra de Menezes trabalhando em um centro de Umbanda.
    No plano Espiritual não existe a separação que vemos no Plano Físico. Todos se unem em prol do bem.
    No centro Espírita, não adotamos rituais, mas respeitamos a Umbanda e seus trabalhadores. Quero lhe dizer que em todas as religiões existem os radicais, justamente por falta de estudo aprofundado, que lhes tragam mais luz e entendimento e menos preconceito.. por isso JESUS nos Afirma " Conecereis a verdade e éla vos fará livre."

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