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terça-feira, 9 de outubro de 2012

AUTO DE FÉ EM BARCELONA

Olá,  mais um pouco da nossa história .

PALAVRAS DE KARDEC

Pela Revista Espírita que já tinha assinantes em quase todo o mundo, proclamou:

" Espíritas de todos os países! Não esqueçais a data de
 9 de outubro de 1861. Será marcada nos anais do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa e não de luta, porque é o penhor de vosso próximo triunfo."



(...)O livreiro Maurício Lachâtre, estabelecido em Barcelona, foi um grande propagandista do Espiritismo na Espanha e havia encomendado trezentos volumes de diversos títulos espíritas a Allan Kardec.
O material chegou à Espanha através de tramitação legal, com impostos e taxas devidamente pagos por Kardec e com a documentação correta. 
O destinatário pagou os direitos de entrada dos volumes, mas antes que os mesmos fossem entregues, uma relação dos títulos foi entregue ao bispo de Barcelona, pois, a liberação de livros e ou sua censura, competia à autoridade eclesiástica. O bispo tomando conhecimento da natureza dos livros ordenou que fossem apreendidos e queimados em praça pública pela mão do carrasco.

Os livros deveriam em tal situação ser devolvidos ao remetente em seu país de origem a França. Contudo tal não aconteceu e o espetáculo, só assim pode-se classificar tal ato de intolerância e intransigência, foi marcado para o dia 9 de outubro de 1861.
Naquela data, às 10:30 horas, os volumes foram queimados como se fossem réus da inquisição. Alguns assistentes revoltados gritavam: "Abaixo a inquisição! ".
Contudo, essa atitude intransigente contribuiu enormemente para a propaganda da doutrina.
A perseguição prosseguiu, dissimulada, mas acirradamente, por muito tempo. O clero nunca escondeu seu desagrado com relação à mensagem espírita.

Entre os volumes queimados estavam :
• Exemplares da Revue Spirite;
• "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec;
• "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec;
• "O que é o Espiritismo", Allan Kardec;
• "Fragmento de uma Sonata", ditado pelo Espírito Mozart;
• "Carta de um Católico sobre o Espiritismo", Dr. Grand;
• "A História de Joana D'Arc", médium Mlle. Ermance Dufaux, Autora Joana D'Arc;
• "A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta", Barão de Guldenstubbé;

O acontecimento deu ensejo a muitas comunicações por parte dos Espíritos.
 Em 19 de outubro Kardec , quando retornou de Bordéus, recebeu a seguinte comunicação :

"Fazia-se mister alguma coisa que chocasse com violência certos Espíritos encarnados, para que se decidissem a ocupar-se com essa grande doutrina, que há de regenerar o mundo. Nada, para isto, se faz inutilmente na Terra e nós que inspiramos o auto de fé em Barcelona, bem sabíamos que, procedendo assim, forçávamos um grande passo para a frente.
Esse fato brutal, inaudito nos termos atuais, se consumou tendo por fim chamar a atenção dos jornalistas que se mantinham indiferentes diante da agitação profunda que abalava as cidades e os centros espíritas. Eles deixavam que falassem e fizessem o que bem entendessem; mas, obstinavam-se em passar por surdos e respondiam com o mutismo ao desejo de propaganda dos adeptos do Espiritismo.
De bom ou mau grado, hoje falam dele; uns comprovando o histórico do fato de Barcelona; outros, desmentindo-o, ensejaram uma polêmica que dará volta ao mundo, de grande proveito para o Espiritismo. Essa a razão por que a retaguarda da Inquisição fez hoje o seu último auto de fé. É assim que o quisemos."

Assinado Um Espírito.

***


(...)Se si tivesse procurado introduzir essas obras por contrabando, a autoridade espanhola estaria em seu direito de dispor delas à sua maneira; mas, desde o instante que não houve fraude nem surpresa, o que provam os direitos voluntariamente pagos, era de rigorosa justiça que se lhes ordenasse a reexportação, se não lhe conviesse admiti-los. As reclamações feitas junto ao cônsul francês, em Barcelona, foram sem resultado. O Sr. Lachâtre me perguntou se era preciso submete-los à autoridade superior; o meu conselho foi o de deixar consumar-se esse ato arbitrário; todavia, acreditei dever tomar o do meu guia espiritual.

Pergunta (À Verdade). – Não ignorais, sem dúvida, o que vem de se passar em Barcelona a respeito das obras espíritas; teríeis a bondade de me dizer se convém perseguir a sua restituição?

Resposta. – Em direito podes reclamar essas obras, e delas, certamente, obtereis a restituição, dirigindo-se ao Ministro dos Assuntos Estrangeiros da França. Mas a minha opinião é que resultará desse auto de fé um bem maior que não produziria a leitura de alguns volumes.
A perda material não é nada em comparação com a repercussão que semelhante fato dará à Doutrina. Compreendes o quanto uma perseguição tão ridícula e tão atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na Espanha. As idéias se difundirão com tanto mais rapidez, e as obras serão procuradas com tanto mais diligência, quanto as tiver queimado. Tudo está bem.

Pergunta. – Convém, fazer, a esse respeito, um artigo no próximo número da Revista?
Resposta. – Espera o auto de fé.

Em minha Casa – Médium Sr. ... 21 de setembro de 1861.

Obras Póstumas

(...)Atualmente, a atitude da Igreja Católica, através dos esforços ecumênicos do Papa João Paulo II e também em função de comissões enviadas pelo Vaticano, para observação de fenômenos paranormais e de Transcomunicação Instrumental, vem reconhecendo, através do seu Novo Catecismo, a possibilidade de comunicação com as almas dos "mortos" e até permite, em alguns casos e com reservas, essas comunicações.


(...)De Barcelona enviaram a Kardec uma aquarela feita in loco por um artista distinto, representando a cena do auto de fé.

Kardec mandou fazer do quadro uma redução fotográfica. Um punhado de cinzas apanhado na fogueira, alguns fragmentos legíveis de folhas queimadas foram colocados em uma urna de cristal.
 Lamentavelmente, a intransigência que ainda perdurou na primeira metade do século XX, fez com os nazistas durante a 2a. Grande Guerra destruissem a urna.

Reformador (FEB) Outubro 1976

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