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terça-feira, 23 de abril de 2013

Viagem entre os universos e os mundos - As humanidades desconhecidas

Olá,

" ... Aquela fascinante imagem de Urânia como me perseguia, com todas as suas deliciosas expressões de fisionomia!
O seu sorriso era tão gracioso!
E depois, seus olhos de bronze tinham às vezes um verdadeiro olhar.
 Não lhe faltava senão a palavra.
Ora, na noite seguinte, apenas adormecido eu revi, diante de mim, a sublime deusa, e desta vez ela me falou.
Oh! estava bem viva. E que linda boca!
Eu lhe teria beijado cada palavra...
Vem, disse-me, vem ao céu lá em cima, longe da Terra; tu dominarás este baixo mundo; contemplarás o imenso Universo em toda a grandeza.
 Olha, vê!


Vi então a Terra que tombava nas profundezas da imensidade; as cúpulas do observatório, Paris iluminada, desciam rapidamente; não obstante

 sentir-me imóvel, tive a impressão análoga às que se experimenta em balão, quando, elevando-se nos ares, se vê a Terra descer. Subi, subi durante muito tempo, arrebatado em mágica ascensão para o Zênite inacessível. Urânia estava junto de mim, um pouco mais elevada, fitando-me com doçura e mostrando-me os reinos terrestres.
 O dia voltara. Reconheci a França, o Reno, a Alemanha, a Áustria, a Itália, o Mediterrâneo, a Espanha, o oceano Atlântico, a Mancha, a Inglaterra.
Mas toda essa liliputiana geografia diminuía rapidamente. Em breve o globo terráqueo estava reduzido às aparentes dimensões do plenilúnio, depois às de uma luazinha cheia.
– Eis aí – disse-me ela –, o famoso globo terrestre sobre o qual se agitam tantas paixões, e que encerra em seu círculo estreito o pensamento de tantos milhões de seres cuja vista não se estende ao Além.
 Vê quanto a sua aparente grandeza diminui à proporção que o nosso horizonte se dilata.
Já não distinguimos mais a Europa da Ásia. Eis ali o Canadá, a América do Norte. Quanto é minúsculo tudo aquilo!
Passando vizinho à Lua, eu havia notado as paisagens montanhosas do nosso satélite, os cimos radiante de luz, os profundos vales cheios de sombras, e teria desejado deter-me para estudar de mais perto essa morada vizinha; mas, sem mesmo dignar-se lançar para ela um simples olhar, Urânia me arrastava em rápido vôo para as regiões siderais.
Subimos sempre.
A Terra, diminuindo de mais em mais, à proporção que nos distanciamos, chegou a ficar reduzida ao aspecto de simples estrela, brilhando com a luz solar no seio da imensidade vazia e negra.
Tínhamo-nos voltado para o Sol, que resplendia no Espaço sem iluminá-lo, e víamos, ao mesmo tempo em que a ele, as estrelas e os planetas, que a sua luz não apagava, por isso que não ilumina o éter invisível.
A deusa angélica mostrou-me Mercúrio, na vizinhança do Sol;
 Vênus, que brilhava do lado oposto;
 a Terra, igual a Vênus, comparada em aspecto e em brilho;
Marte, cujos mediterrâneos e canais reconheci;
 Júpiter, com as suas quatro luas enormes;
Saturno, Urano...
– Todos esses mundos – disse-me ela – são sustentados no vácuo pela atração do Sol, em torno do qual giram com velocidade. É um todo harmonioso, gravitando em redor do centro.
 A Terra não é mais do que uma ilha flutuante, uma aldeia dessa grande pátria solar, e esse império solar não é, ele próprio, mais do que uma província no seio da imensidade sideral.
Subíamos sempre.
O Sol e seu sistema distanciavam-se rapidamente; a Terra não era mais que um ponto;
Júpiter mesmo, esse mundo tão colossal, mostrou-se diminuído, e assim Marte e Vênus, a um pontinho minúsculo, apenas superior ao da Terra.
Passamos à vista de Saturno, cingido dos seus anéis gigantescos, e cujo só testemunho bastaria para provar a imensa e inimaginável variedade que reina no Universo;
Saturno, verdadeiro sistema por si, com os seus anéis formados de corpúsculos conduzidos em uma rotação vertiginosa, e com os seus oito satélites acompanhando-o qual um celeste cortejo!
À medida que subíamos, o nosso Sol ia diminuindo de grandeza.
 Bem depressa desceu a categoria de estrela, depois perdeu toda a majestade, toda a hegemonia sobre a população sideral, e não foi mais do que uma estrela, apenas mais brilhante do que as outras.

URÂNIA CAMILLE FLAMARION

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