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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Nova Era - Períodos de Transição na Humanidade

Olá,

Os séculos de transição na história da humanidade assemelham-se a vastas planícies semeadas de monumentos, misturados confusamente, sem harmonia.
 E a harmonia mais pura, mais justa está no detalhe, e não no conjunto.
Os séculos abandonados pela fé e pela esperança são páginas sombrias em que a humanidade, trabalhada pela dúvida, se mina surdamente em civilizações refinadas, para chegar a uma reação que, as mais das vezes, as arrastava, para as substituir por outras civilizações.


 Os pesquisadores do pensamento, mais que os cientistas, em nossa época e num ecletismo racional, aprofundam esses misteriosos encadeamentos da história, essas trevas, essa uniformidade, lançadas como nevoeiros e nuvens espessas sobre civilizações ainda pouco férteis e vivazes.
 Estranho destino dos povos!
 É quase ao nascer do cristianismo, é nas cidades mais opulentas, sede dos maiores bispados do Oriente e do Ocidente, que começam as devastações da decadência.
 É em meio à própria civilização, ao esplendor inteligente das artes, das ciências, da literatura e dos sublimes ensinamentos do Cristo, que começa a confusão de ideias e as dissenções religiosas; é no próprio berço da igreja romana, orgulhosa e enobrecida com o sangue dos mártires, que a heresia gerada pelos dogmas supersticiosos e pelas hierarquias eclesiásticas, desliza como serpe eminente, para morder o coração da humanidade e lhe infiltrar nas veias, em meio às desordens políticas e sociais, o mais terrível e o mais profundo de todos os flagelos: a dúvida.
Desta vez a queda é imensa. A apatia religiosa dos padres, unida aos heresiarcas fanáticos, tira toda a força à política, todo amor ao país, e a Igreja do Cristo torna-se humana, mas não mais humanitária. Creio inútil aqui apoiar-se sobre relações apavorantes dessa época com a nossa.
Vivendo simultaneamente com as tradições do cristianismo e com a esperança do futuro, as mesmas comoções sacodem a nossa velha civilização, as mesmas ideias se dividem, e a mesma dúvida atormenta a humanidade, sinais precursores da renovação social e moral que se prepara.
Ah! orai, Espíritas. Vossa época atormentada e blasfema é uma rude época, que os Espíritos vêm instruir e encorajar.
Lamennais

Revista Espírita de 1863, Junho

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