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quinta-feira, 13 de março de 2014

Mediunidade - Invigilância mediúnica


Olá,

Muitos adeptos da mediunidade adentram-se pelo Movimento Espírita com propósitos sinceros de servir e de crescer moralmente, desenvolvendo
os valores que se lhes encontram adormecidos, realmente anelando pela honra de trabalhar na seara da luz.
No início, lutando pela oportunidade de educar a faculdade mediúnica, de forma que se possa transformar em instrumento útil para o ministério do auxílio, deixam-se dominar pelas emoções, olvidando-se da reflexão e dos
cuidados que todo esforço de tal ordem exige de quem se lhe propõe executar.

Ao longo do tempo, percebendo que o labor abraçado é constituído por sacrifícios, renúncias e provações, começam a desencantar-se com os métodos da disciplina, da caridade em relação ao próximo, de ambos os lados da vida, colocando o estudo sério em plano secundário.
Percebendo que a mediunidade produz uma aura de transcendência por parte daqueles que desconhecem o Espiritismo, passam a favorecer ou a produzir fenômenos de efeito e de impacto, que fascinam as massas ingênuas e mesmo indivíduos mais experientes, facultando prestígio àqueles que se lhe fazem instrumento.
Ante o público fútil e gozador, mais interessado em novidades do que em realizações edificantes, começam esses companheiros levianos a imaginar informações destituídas de legitimidade, lentamente banalizando a mediunidade e tornando-se pessoas prodígio, esclarecendo que sempre o foram desde a infância, repetindo, porém, as experiências de outros que os fascinam e procuram imitar.
Anunciam acontecimentos carregados de tragédias, são hábeis em previsões de hecatombes e desgraças, referem-se a ocorrências grandiosas que presenciaram durante o sono fisiológico, quando se encontrariam parcialmente desdobrados, identificam os Espíritos com facilidade incomum, transformam-se em vestais do Além e permitem-se ser considerados como instrumentos preciosos
da Divindade...
Nesse comenos, para dar autenticidade à façanha anímica ou simplesmente imaginativa, asseveram receber entidades venerandas, transformando-se em orientadores sem a mínima condição moral ou espiritual, pondo em ridículo nomes respeitáveis que agora se encontram na erraticidade, demonstrando uma intimidade que realmente não mantêm com os nobres guias da humanidade.
De um para outro momento, saltam das experiências mais simples no campo do exercício mediúnico para as comunicações mais graves, selando com a respeitabilidade dos nomes honoráveis o que escrevem ou enunciam, com ênfase e pompa, embora mantendo um manto de humildade que lhes disfarça a presunção, num verdadeiro campeonato de competição com os demais servidores da Causa de Jesus, despreocupados com as glórias do mundo e comprometidos com a ação do Bem.
Com muita propriedade, o sábio codificador do Espiritismo considerou que o bom médium não é aquele que apenas recebe os bons Espíritos, mas aquele que tem facilidade para as comunicações, isto é, que possui sensibilidade e sintoniza facilmente com os mais diversos, demonstrando, dessa forma, a sua maleabilidade para a execução do fenômeno.
A semelhança de qualquer outra faculdade da alma, que no corpo se reveste de células para a finalidade a que se destina, a mediunidade exige cuidadosa educação, impondo àquele que a possui seriedade, vida mental ativa e equilibrada, contínua sintonia com os campos vibratórios
diferenciados do envoltório físico, comportamento mental saudável, sentimentos de solidariedade e de compaixão, a fim de atrair os espíritos bondosos, que têm interesse em contribuir em favor do progresso da humanidade.
Trata-se de um esforço contínuo e discreto, sem testemunhas nem aplausos, no santuário interior, em
convivência permanente com as fontes geradoras da vida.
O médium sincero e interessado no seu, como no desenvolvimento do grupo social no qual se encontra, é discreto, mantendo pudor em relação às comunicações de que é objeto, não se jactando nem se impondo, antes preservando-se nos cuidados que devem constituir a pauta de comportamento de todo e qualquer cidadão de bem.
É, portanto, estranhável, e não merece fé, a conduta de indivíduos que, de um para outro momento,
transformam-se em médiuns ostensivos ou fazem-se passar como tal, deixando-se seduzir pela imaginação fértil e ambiciosa ou por inspiração dos espíritos frívolos que se comprazem com a sua leviandade e presunção.
Eis por que o ministério edificante de participação nas reuniões de consolo aos desencarnados em aflição torna-se-lhes de relevante significado, porque os educa no dever e lhes desenvolve as emoções delicadas que abrem espaço para as virtudes da caridade, da compaixão e para os sentimentos
de solidariedade.
Nessas reuniões e, logo depois, naquelas de natureza desobsessiva, não há lugar para exibicionismos de ocasião, nem disputas por lugares de destaque no picadeiro do circo social dos desocupados...
Entregam-se ao labor de enfermagem espiritual em relação aos irmãos da retaguarda aflitiva, corrigem os hábitos doentios, edificam-se na fixação da caridade e aprendem as sutilezas do serviço anônimo, desde que desconhecem aqueles a quem oferecem os recursos valiosos da faculdade mediúnica.
A viagem da ignorância para o conhecimento é feita de experiências contínuas no esforço da auto educação, da auto renovação, da auto iluminação.
Longa é a marcha, em razão dos vícios que jazem em predomínio em a natureza animal, ressumando com frequência em situações de invigilância ou de descuido moral.
A fixação das novas conquistas é lenta, embora segura, diluindo as sombras teimosas do pensamento atrasado e ampliando os horizontes do entendimento espiritual em torno dos valores reais, em relação àqueles aos quais são atribuídos significados que não possuem.
Dia a dia, mantendo as intenções salutares e preservando o esforço de realizar o que deve, adquire afinidade com as vibrações sutis, aprendendo a libertar-se daquelas que são perturbadoras e facultam a sintonia com os espíritos perversos.
Certamente, manterá contato com os mesmos, pois que eles necessitam de compaixão e auxílio, em vez de campo largo para prosseguirem nos dislates que se permitem.
A situação, porém, não será deplorável para o médium, mas de significação proveitosa, porque o adverte sem palavras sobre os riscos e os desafios a que se encontra submetido enquanto transitando pelo carro orgânico.
Tal comportamento austero impede, sim, que as suas forças psíquicas e físicas sejam dominadas por esses verdugos que permanecem fora do corpo físico, ainda comprazendo-se em infelicitar, em gerar conflitos e dificuldades.
Assim procedendo, o médium sincero adquire respeitabilidade mesmo em relação aos desencarnados que lhe percebem as emanações psíquicas e morais, sendo simpático aos bons e ficando refratário aos maus.
Esse abençoado ministério impõe graves responsabilidades, que nunca impedem o médium de ser talvez enganado, mistificado ou fascinado, caso mantenha nas íntimas paisagens interesses escusos em relação à faculdade.
Havendo-a recebido gratuitamente, como instrumento hábil para reparar o passado de enganos, para
crescer emocional e espiritualmente, não se pode aproveitar para conseguir as compensações materiais sempre dispensáveis, porque nada se equipara a uma consciência tranquila, quando se vive corretamente.
Os indivíduos sobrecarregam-se de coisas vãs como mecanismo de fuga ao enfrentamento com a sua realidade profunda, anestesiando-se com as preocupações externas pelo recear do autoconhecimento.
Desse modo, preservar-se o médium das ambições fascinantes e mentirosas do mundo constitui um dever impostergável, que o auxiliará na conquista interior da paz, que lhe é imprescindível para o exercício digno da faculdade que lhe foi concedida pelo Senhor da vida para a própria felicidade.

Divaldo Pereira Franco/ Manoel P. de Miranda       Mediunidade: desafios e bênçãos

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