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sábado, 1 de março de 2014

Vida - A necessidade do momento

Olá,

Errar é dos homens. E' errando que se aprende. Errar não é desdouro. Permanecer, porém, no erro, tornar-se contumaz nesta ou naquela falta, escravizar-se aos maus hábitos é, realmente,
uma desonra para o homem.
Não é, portanto, o erro que nos degrada: é a submissão ao seu domínio.
Deixar de reagir contra as imperfeições próprias é sinal evidente de fraqueza moral.
Ser tentado não é também desaire. O que afeta nossa dignidade é cair na tentação.
 A tentação, nobremente vencida, contribui para a consolidação do caráter, porque desenvolve as energias anímicas. Certamente, por isso, o incomparável Mestre nos ensina, na oração dominical, a pedir a Deus que nos livre do mal, não nos deixando cair em tentações. O mal, como se vê, não está
propriamente na tentação, mas na queda. Caso contrário, ter-nos-ia ele ensinado a suplicar que a
Providência nos eximisse de tentações.
Os nossos governos não alcançaram essa verdade comezinha. Jamais consentiram que o povo
errasse. Monopolizaram a faculdade de errar. Fizeram do erro um privilégio seu. Erraram sempre,
sonegando do povo todas as oportunidades de errar. Há nessa conduta uma desastrosa inversão
da lei natural. Segundo essa lei, toda a causa gera um efeito que deve recair sobre quem a criou.
No entretanto, os governos erram, isto é, criam a causa, e o povo suporta invariavelmente as
consequências.
Semelhante adulteração da lei de causalidade dá lugar a dois males muito graves:
 o povo não aprende, e, cansado de arcar com as consequências funestas de culpas que não cometeu,
revolta-se ou se faz céptico e pessimista; e os governos, deixando de ser atingidos pelos efeitos
de seu mau proceder, não se corrigem, tornam-se impenitentes, relapsos, corruptos.
 E' indispensável que "a cada um seja dado segundo suas obras".
Nesta hora sombria por que passa o mundo de nossos dias, os países que se encontram em situações menos embaraçosas e que vão suportando a crise, são justamente aqueles onde o povo age com certa liberdade, influindo positivamente nos negócios públicos.
As mesmas dificuldades, do momento atual, são consequências da guerra fratricida que os governos
desencadearam no Velho Mundo, agravadas agora por novos erros desses mesmos governos,
sujeitando os vencidos a reparações arbitrárias e inexequíveis, ditadas pelo sentimento de ódio
e de vingança.
E' tempo de se conceder ao povo o direito de agir livremente na escolha dos seus dirigentes.
Só assim ele se tornará realmente digno e grande. Só assim teremos bons governos.
As leis humanas devem inspirar-se nas leis divinas, que são leis naturais. O homem progride e
melhora, agindo, porfiando, lutando. Cercear-lhe o passo, nesse terreno, é um crime. E' preciso
deixá-lo errar para que aprenda a acertar.
Se Deus quisesse, teria criado o homem perfeito.
Mas, não o fêz. Criou-o perfectível, facultando-lhe meios e oportunidades de aperfeiçoar-se.
 Em que se baseiam, pois, os governos que pretendem negar ao homem um direito que Deus lhe
outorgou?
Deixem o povo errar. Matriculem-se também os adultos na escola ativa do civismo. Em tal
importa a necessidade do momento.


Vinicius                 Em torno do Mestre

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