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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Doutrina Espírita - Pela gravidade e a caridade Deus governa astros e homens

Olá,

O Espiritismo nasceu da Caridade, e nela e por ela se desenvolve. Mas, para bem compreendermos esse fato, é necessário, primeiro, entendermos o verdadeiro sentido da palavra Caridade.
 Kardec perguntou aos Espíritos qual era esse sentido, segundo Jesus a entendia. E os Espíritos lhe responderam o seguinte:
 “Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”.
Comentando essa resposta, que encontramos na pergunta 886 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec anotou:
 “A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores.”
 Como se vê, ao dizer que o Espiritismo nasceu da Caridade, não dizemos que ele nasceu da esmola, mas da efusão natural e pura do amor.
Jesus, que por amor encarnou-se entre os homens, praticou aquilo que hoje chamamos de caridade-espírita: elevou os pecadores em vez de condená-los, afastou os espíritos obsessores das criaturas doentes ou perturbadas, curou pela palavra esclarecedora e amorosa, afastou os homens do orgulho e do sectarismo vaidoso.
 Por caridade, ofereceu-nos as lições de amor do Evangelho. Mas, conhecendo a nossa inferioridade, formulou ainda, por caridade, a promessa do Consolador, que viria quando estivéssemos em condições de compreendê-lo.
A vinda do Consolador é, portanto, um ato de caridade. Mas não é apenas a manifestação de uma caridade pessoal do Senhor. Porque, para que o Consolador se manifestasse, foi necessário que o Pai Supremo atendesse às nossas necessidades evolutivas e que os Espíritos Benevolentes se entregassem à missão de nos despertarem para os problemas espirituais. 
A caridade que mana do alto, do supremo poder de Deus, manifestou-se então na Terra, em cumprimento à promessa de Jesus, através do trabalho de amor dos seus Enviados.
Não foi uma esmola dada ao mendigo, mas uma atitude de compreensão e solidariedade. Por isso, os espíritos caridosos colocaram a luminosa palavra, até hoje malsinada pela ignorância humana, como bandeira da luta pela espiritualização da Terra. 
E Kardec nos ofereceu o lema doutrinário, tão bem definido em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, através de mensagens esclarecedoras e dos comentários do Codificador:
 “Fora da caridade não há salvação.”
Compreendida conforme a compreendia Jesus, e de acordo com a bela definição do apóstolo Paulo, a Caridade foi o escudo do Espiritismo, na batalha sem tréguas da sua propagação. Em vão se ergueram contra a nova doutrina todas as forças dominantes do mundo. À maneira do Cristianismo, que venceu pela força do amor, o Espiritismo foi dobrando todas as resistências, através da prática da caridade, em todas as suas formas de manifestação. 
Desde a caridade de uma palavra de compreensão e estímulo, até a concretização das campanhas humanitárias e das instituições de assistência ao próximo.
Tão grande, porém, é ainda a inferioridade humana, que até mesmo no meio espírita encontramos dificuldades para a verdadeira colocação do problema espiritual da caridade. Muitos o interpretam em termos materiais, apegados ao conceito de caridade como esmola, e outros, em contraposição, condenam o aspecto material da caridade, apegando-se apenas ao conceito de caridade como ajuda espiritual, através de conselhos ou preces. A caridade, entretanto, é como a luz, que, sendo única, manifesta-se por variadas formas.
Na mensagem de Vicente de Paulo, que encontramos no item 889 de “O Livro dos Espíritos”, lemos o seguinte: 
“Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados, e a atração é a lei do amor para a matéria inorgânica.” Eis uma clara explicação do problema, que devia ser lida e meditada por todos os que disputam sobre a questão da prática verdadeira da caridade. Ela nos ensina a compreender os graus da caridade, a partir da sua manifestação no plano da matéria inorgânica, até a suprema expressão do amor consciente e poderoso de Deus.
Na matéria, o amor produz a gravidade, e é por isso que o amor de Deus governa os mundos no espaço. No espírito, o amor produz a caridade, que se manifesta em benevolência, indulgência, perdão e amparo. Graças às manifestações da caridade, Deus governa os homens na vida social, e os eleva da terra aos céus. E assim como a caridade tem o seu equivalente no plano material, é natural que tenha, no plano do espírito manifestado na matéria, as suas formas materiais de manifestação, da qual a esmola é a mais humilde.
Distribuir recursos aos pobres, dar esmolas, ou construir abrigos, asilos, hospitais, orfanatos, são formas objetivas da caridade, que enobrecem quem as pratica, mas nunca devem ser motivos de orgulho e vaidade. Porque as formas objetivas são meios de conduzir nosso espírito às manifestações mais puras da caridade, que constituem suas formas subjetivas. Se em vez de utilizarmos aquelas como meios, delas nos servirmos como fins, interrompemos o processo natural do desenvolvimento da caridade em nós mesmos, e acabamos por destruir os germens divinos em nossos corações. É por esse motivo que fundadores e diretores de instituições caridosas acabam, muitas vezes, necessitando de caridade.

Se quisermos, pois, que o Espiritismo se desenvolva através da caridade, único meio pelo qual ele realmente pode desenvolver-se, não esqueçamos que caridade é, antes de mais nada, benevolência, indulgência e perdão. Mas não esqueçamos também que essas três virtudes, para serem bem praticadas, devem ser compreendidas em si mesmas, pois há quem as confunda com as formas contraditórias da falsa tolerância e da displicência moral. Em tudo, como aconselhava Kardec, precisamos usar o crivo da razão.

José Herculano Pires                                                          O Homem Novo

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