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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Mediunidade - Ainda a identificação dos espíritos

Olá,

Investigadores cuidadosos perscrutam a imortalidade da alma utilizando-se dos mesmos parâmetros com os quais examinam e decidem sobre a legitimidade de ocorrências e valores materiais.
Sinceramente cautelosos, desejam que as provas da imortalidade sejam de tal forma robustas que nenhuma dúvida possa pairar em torno das personagens que, nas comunicações, dizem haver sido quando na existência física.
Equivale a exigir-lhes, por todos os meios possíveis, demonstrações
do caráter, do comportamento, da psicologia e das lembranças exatas a respeito de pessoas e acontecimentos com os quais tiveram contato.

Não se dão conta, esses pesquisadores, de que a morte é apenas uma mudança de roupagem, uma transferência de posição vibratória, sem que ocorram fenômenos miraculosos que envolvam e transformem os mortos.
Além do corpo, as ocorrências não diferem expressivamente daquelas que se dão na esfera orgânica. E como sói acontecer, a memória passa pelos mesmos condicionamentos que sucedem quando expressivas emoções surpreendem o indivíduo na Terra. O esquecimento não é apanágio exclusivo do ser carnal e, não sendo, portanto, de estranhar que o mesmo suceda além do silêncio sepulcral.
Ocorrências comezinhas apagam-se na memória dos espíritos, datas se diluem, lembranças se anulam temporariamente.
Somente a pouco e pouco, depois de processos cuidadosos de recuperação, voltam a consciência, a lucidez e as recordações, qual ocorre no mundo após os grandes choques traumáticos.
De outras vezes, esperam que os espíritos façam-se identificar pelos maneirismos, vocabulário, postura, indumentária, qual se prosseguissem como clones dos últimos vestígios corporais sem qualquer alteração.
Mesmo durante a reencarnação, todos passam por transformações periódicas, de superfície e profundidade, por mudanças de pensamentos e hábitos, de vocabulário,conforme a cultura que se adquira, com as diferenças estruturais na aparência física e na vida mental, conforme as
experiências e os recursos de que se fazem portadores.
Igualmente, no processo post-mortem dão-se expressivas mudanças nas estruturas do ser, de acordo com a sua nova realidade e adaptação a ela.
Convenhamos que os Espíritos esclarecidos apresentam-se despreocupados das características terrenas, mais interessados com o conteúdo das suas mensagens do que com a forma em que são expressas.
Não mais os impressionam os formalismos terrenos, as paixões sociais ou os caprichos familiares. Com uma visão responsável sobre a vida, cuidam do essencial e das consequências relevantes dessas comunicações, como é de esperar-se de qualquer cidadão digno na Terra.
Os conceitos que adquirem e a percepção da Espiritualidade tornam-se-lhes valiosos, preponderantes, na sua atual condição, mesmo tranquilizando-se em relação com aqueles que neles creiam ou não. Sabem, por experiência pessoal, inamovível, que a morte é fatalidade biológica de que ninguém
se eximirá, e que aqueles que ora duvidam constatarão mais tarde qual lhes ocorreu. Embora tenham interesse em fazer-se identificar, o seu objetivo maior é de relevância moral, isto é, despertar os encarnados para a vida que os aguarda após o fenômeno da morte.
 Não se agastam, quando não são acreditados, nem se afligem, porque não são ouvidos.
Os espíritos lúcidos têm como meta nas suas comunicações chamar a atenção para a preparação de cada ser, no que lhe diz respeito pessoal sobre as suas conquistas íntimas e sua conduta em relação ao porvir.
Os que são atrasados, se sofredores, têm a memória bloqueada, as emoções confundidas, experimentando aflições inumeráveis de que desejam libertar-se, totalmente desinteressados
das excogitações dos investigadores ou daqueles com os quais se comunicam; se inferiores, desconhecem as leis que regem a vida e atropelam-se, transmitindo perturbação; se mistificadores e galhofeiros, comprazem-se em gerar conflitos, propondo situações ridículas, oferecendo
informações contraditórias, confundindo aqueles que lhes dão atenção.
 Afinal, os mortos são as almas dos homens desembaraçadas do corpo, nada mais que isso.
Além destas circunstâncias, há a questão grave dos registros mediúnicos responsáveis pelo intercâmbio.
O médium é o instrumento que traduz o pensamento dos Espíritos, e não um ser especial, infalível, irretocável.
Desejar que seja um canal sem impedimento, por onde passem as informações espirituais sem qualquer interferência, é esperar-se demasiado. Trata-se de um ser como outro qualquer,
com recursos orgânicos especiais e, por maior neutralidade que mantenha na comunicação, filtra a mensagem que se exteriorizará com o potencial de que se faz portador, e não com a qualidade inicial com que foi gerada.
O mais belo raio de Sol, ao ser filtrado por um vidro, se manifestará com a coloração da lâmina que atravessa. De igual maneira, a água flui da nascente pura e assimila os conteúdos do leito por onde se expande.
O médium, na condição de criatura humana, tem as suas necessidades, conquistas, realizações, sendo, portanto, uma individualidade que pensa. Compreensível que, de uma ou de outra forma, contribua com algo pessoal na transmissão da mensagem.
Certamente, a identificação dos Espíritos é valiosa na área das pesquisas, como contribuição para a constatação da sobrevivência do ser à morte física.
Allan Kardec, preocupado em estabelecer métodos e regras para discernir e aquilatar sobre a identificação dos Espíritos* usou do bom senso, advertindo sobre os perigos e os equívocos que sucedem na fenomenologia mediúnica, reconhecendo, entretanto, que o importante é o conteúdo
moral da comunicação, pelo significado de libertação das consciências, que é a meta a ser alcançada. (O Livro dos médiuns - Cap. XXIV - Da identidade dos espíritos.)
Diante dos espíritos que se comunicam, observem-se o conteúdo da mensagem, o caráter moral do médium e, posteriormente, o comunicante, buscando-se, em diálogo lúcido, quando for o caso, excogitar-se da sua identificação.Nas comunicações autênticas, sem exigências nem descabidas suspeitas, os sinais e caracteres de identificação pessoal tornam-se evidentes de tal forma que a certeza se expressa produzindo o inefável bem-estar de confirmar-se a imortalidade, recebendo-se dela a consolação da vida imperecível.

 Manoel P. de Miranda/ Divaldo P. Franco                 " Mediunidade: desafios e bênçãos "

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