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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Nova Era - PRECURSORES DA TEMPESTADE

Olá,

Permiti que um antigo dignitário da Táurida abençoe
vossos dois filhos. Possam eles, sob a égide das respectivas
mães, tornar-se inteligentes em tudo e ser para vós causa
de reais satisfações! Desejo que sejam espíritos convictos,
isto é, de tal modo se saturem da idéia de outras vidas, dos
princípios de fraternidade, de caridade e de solidariedade,
que os acontecimentos, que se precipitarão quando eles
estiverem em idade de consciência e de razão, não os
espantem, nem lhes enfraqueçam a confiança na justiça
divina, em meio das provas por que tem a Humanidade

de passar.
Por vezes, surpreende-vos o azedume com que
 os vossos adversários vos atacam. Segundo eles, sois loucos,
alucinados, tomais a ficção pela realidade, ressuscitais o
diabo e todos os erros da Idade Média.
Sabeis que responder a todos os ataques seria travar
uma polêmica sem resultado.
O vosso silêncio prova a vossa força e, se não lhes derdes ocasião de retrucar,
acabarão calando-se.
O imprevisto é o que mais podeis temer. Se se desse
uma mudança de governo, no sentido do mais intolerante
ultramontanismo, certamente seríeis perseguidos, escarnecidos, condenados, expatriados.
 Mas, os acontecimentos, mais fortes que as maquinações em surdina, preparam
no horizonte político um temporal bastante violento e, quando a tempestade estalar, tratai de estar bem abrigados, de ser bem fortes e muito desinteressados.
Haverá ruínas, invasões, delimitações de fronteiras e, desse naufrágio imenso, que virá da Europa, da Ásia, da América, somente escaparão, ficai sabendo, as almas temperadas, os espíritos
esclarecidos, tudo o que for justiça, lealdade, honra, solidariedade.
São perfeitas as vossas sociedades, tais quais se acham organizadas? Tendes aos milhões os vossos párias; a miséria enche incessantemente as vossas prisões, os vossos lupanares, e abastece os cadafalsos.
A Alemanha assiste, como em todos os tempos, à emigração de seus habitantes às
centenas de milhares, o que não faz honra aos seus governos.
Por toda parte a inveja.
 Vejo interesses que se combatem e nenhum esforço pelo erguimento do ignorante.
Os governos, minados por princípios egoístas, pensam em fortificar-se contra a maré que sobe, maré que é a consciência humana, que afinal se insurge, após séculos de expectativa, contra a minoria que explora as forças vivas das nacionalidades.
Nacionalidades! Que a Rússia não encontre terrível escolho, um Cabo das Tormentas, nessa palavra. Bem-ama do país, não esqueçam os teus homens de Estado que a
grandeza de uma nação não consiste em ter fronteiras indefinidas, muitas províncias e poucas aldeias, algumas grandes cidades num oceano de ignorância, imensas planícies,
desertas, estéreis, inclementes como a inveja, como tudo o
que é falso e emite sons falsos.
Pouco importa que o Sol não se esconda sobre as vossas conquistas, nem por isso
haverá menos deserdados, menos ranger de dentes, todo um inferno ameaçador e de fauces escancaradas como a imensidade.
As nações, como os governos, têm o livre-arbítrio; como as simples individualidades, elas sabem dirigir-se pelo amor, pela união, pela concórdia. Entretanto, fornecerão à
tempestade anunciada elementos elétricos apropriados a
melhor as destruir e desagregar.

Inocente    Em vida, arcebispo da Táurida         "Obras Póstumas"
30 de janeiro de 1866

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