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sábado, 11 de novembro de 2017

Mediunidade Mental II

Olá,

II
Sim, esse gênero de comunicação espiritual é mesmo uma mediunidade, como, aliás, tendes ainda outros a constatar no curso de vossos estudos espíritas. É uma espécie de estado cataléptico muito agradável para quem o experimenta. Ele proporciona todas as alegrias da vida espiritual à alma prisioneira, que aí encontra um encanto indefinível, que gostaria de experimentar sempre. Mas é preciso voltar de qualquer modo, e, semelhante ao prisioneiro ao qual permitem tomar ar num prado, a alma entra constrangida na célula humana.



É uma mediunidade muito agradável esta que permite a um Espírito encarnado ver os velhos amigos, poder conversar com eles, comunicar-lhes suas impressões terrenas e poder expandir o coração no seio de amigos discretos que não procuram achar ridículo o que lhes confiais, mas antes vos dar bons conselhos, se vos forem úteis. Esses conselhos, dados assim, têm mais peso para o médium que os recebe, porque o Espírito que lhos dá, a ele se mostrando, deixou uma impressão profunda em seu cérebro, e, por este meio, gravou melhor em seu coração a sinceridade e o valor desses conselhos.

Essa mediunidade existe no estado inconsciente em muitas pessoas. Sabei que há sempre perto de vós um amigo sincero, sempre pronto a sustentar e a encorajar aquele cuja direção lhe é confiada pelo Todo-Poderoso. Não, meus amigos, esse apoio não vos faltará jamais; cabe-vos saber distinguir as boas inspirações entre todas as que se chocam no labirinto de vossas consciências. Sabendo compreender o que vem do vosso guia, não vos podeis afastar do reto caminho que toda alma que aspira à perfeição deve seguir.

Espírito Protetor (Médium: Sra. Causse).

III
Já vos foi dito que a mediunidade se revelaria por diferentes formas. A que vosso Presidente qualificou de mental está bem definida. É o primeiro degrau da mediunidade vidente e falante.

O médium falante entra em comunicação com os Espíritos que o assistem, fala com eles; seu Espírito os vê, ou melhor, os adivinha; apenas não faz senão transmitir o que lhe dizem, enquanto que o médium mental pode, se for bem formado, dirigir perguntas e receber respostas, sem a intermediação da pena ou do lápis, mais facilmente que o médium intuitivo, porque aqui o Espírito do médium, estando mais desprendido, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é necessário um ardente desejo de ser útil, trabalhar com vistas ao bem, com um sentimento puro, isento de todo pensamento de amor-próprio e de interesse. De todas as faculdades mediúnicas é a mais sutil e a mais delicada. O menor sopro impuro basta para manchá-la. É apenas nessas condições que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. Logo vereis surgir entre vós médiuns falantes que vos surpreenderão por sua eloquência e por sua lógica.

Esperai, pioneiros que tendes pressa de ver vossos trabalhos crescerem; novos obreiros virão reforçar vossas fileiras, e este ano verá concluir-se a primeira grande fase do Espiritismo e começar outra não menos importante.

E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos; que ele vos sustente e nos conserve o favor especial que nos concedeu, permitindo-nos guiar-vos e sustentar-vos em vossa tarefa, que é também a nossa.

Como Presidente Espiritual da Sociedade de Paris, velo por ela e por cada membro em particular, e rogo ao Senhor que espalhe sobre vós todas as suas graças e as suas bênçãos.

S. LUÍS (Médium: Sra. Dellane).

IV
Seguramente, meus amigos, a mediunidade, que consiste em conversar com os Espíritos, como com pessoas que vivem a vida material, desenvolver-se-á mais à medida que o desprendimento do Espírito se efetuar com mais facilidade, pelo hábito do recolhimento. Quanto mais avançados moralmente forem os Espíritos encarnados, maior será essa facilidade das comunicações. Assim como dizeis, ela não será de uma importância muito grande do ponto de vista da convicção a dar aos incrédulos, mas tem para aquele que lhe é objeto uma grande doçura, e o ajuda a desmaterializar-se cada vez mais. O recolhimento, a prece, este impulso da alma junto ao seu Autor, para lhe exprimir seu amor e seu reconhecimento, solicitando ainda o seu socorro, são os dois elementos da vida espiritual; são eles que derramam na alma esse orvalho celeste que ajuda o desenvolvimento das faculdades que aí estão em estado latente. Como são infelizes os que dizem que a prece é inútil porque não modifica os desígnios de Deus! Sem dúvida as leis que regem as diversas ordens de fenômenos não serão perturbadas ao bel-prazer deste ou daquele, mas a prece não tem por efeito senão melhorar o indivíduo que, por esse ato, eleva seu pensamento acima das preocupações materiais, motivo pelo qual ele não deve negligenciá-la.

É pela renovação parcial dos indivíduos que a Sociedade acabará por regenerar-se, e Deus sabe se ela precisa disso!

Ficais revoltados quando pensais nos vícios da sociedade pagã, ao tempo em que o Cristo veio trazer sua reforma humanitária; mas em vossos dias, os vícios, por serem velados sob formas mais marcantes de polidez e de educação, não deixam de existir. Eles não têm magníficos templos, como os da Grécia Antiga, mas ah! Eles os têm no coração da maior parte dos homens e causam entre eles as mesmas devastações que ocasionavam entre os que precederam a era cristã. Não é, pois, sem uma grande utilidade que os Espíritos vieram lembrar os ensinamentos dados há dezoito séculos, porquanto, tendo-os esquecido ou mal compreendido, vós não podeis aproveitá-los e espalhá-los segundo a vontade do divino crucificado.

Agradecei, pois, ao Senhor, vós todos que fostes chamados a cooperar na obra dos Espíritos, e que o vosso desinteresse e vossa caridade jamais enfraqueçam, porque é nisto que se conhecem entre vós os verdadeiros espíritas.


LUÍS DE FRANÇA

(Médium: Sra. Breul).
Allan Kardec - Revista Espírita - Março/1868

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